A reabilitação cardiovascular (RCv) pode ser conceituada como um ramo de atuação da cardiologia que, implementada por equipe multiprofissional, permite ao indivíduo a restituição de uma satisfatória condição clínica, física, psicológica e laborativa.
As respostas desencadeadas por um programa de exercícios físicos sistemático e controlado produzem alterações adaptativas no organismo que podem ser suficientes para amenizar ou eliminar os efeitos deletérios de patologias, principalmente as relacionadas ao sistema cardiovascular. O treinamento físico associado à mudança de estilo de vida diminui a mortalidade cardíaca em 20 a 35%.
O sedentarismo é um fator de risco importante na progressão da aterosclerose coronariana, sendo responsável direto pelo baixo condicionamento físico, redução do consumo de O2 e diminuição do tônus muscular, atuando indiretamente no aumento do peso corporal, elevação dos níveis séricos de triglicérides e redução do HDL-c (high density lipoprotein cholesterol).
A maioria dos fatores de risco é favoravelmente modificada pelo exercício físico. A hipertrigliceridemia e hiperglicemia são reduzidas, ocorre diminuição da resistência vascular periférica com consequente redução da pressão arterial nos hipertensos, redução do tônus simpático e da tensão emocional. Determina ainda aumento da atividade fibrinolítica, diminuição da agregação plaquetária e melhora da função endotelial, aumento da sensibilidade à insulina, redução do risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2 e aumento dos níveis de HDL-c. A atividade física regular, bem como incrementos na capacidade funcional, estão associados à redução do risco de eventos coronários e morte por causa cardíaca.
As indicações para o treinamento físico incluem: indivíduos aparentemente sadios, portadores de fatores de risco para doença arterial coronariana (tabagismo, hipertensão, dislipidemia, diabetes, obesidade, sedentarismo e outros), indivíduos com teste ergométrico e/ou cinecoronariografia anormal, pacientes com isquemia miocárdica silenciosa, angina estável, pós-infarto do miocárdio, pós-revascularização miocárdica, pós-angioplastia coronária, valvopatias, portadores de cardiopatias congênitas, cardiopatia hipertensiva, cardiomiopatia dilatada, pós-transplante cardíaco, portadores de marcapasso, entre outras.
Objetivos da RCv: permitir retorno precoce à vida produtiva e ativa, restauração da melhor condição fisiológica, social e laborativa, prevenir e/ou reverter o processo aterosclerótico, reduzir a morbi-mortalidade cardiovascular, melhorar a sintomatologia e aumentar a quantidade e a qualidade de vida.
Todos os indivíduos portadores de cardiopatias ou fatores de risco devem iniciar programas supervisionados de atividade física. Os benefícios são muitos e extensamente documentados na literatura. A prescrição correta garante a segurança da intervenção. O acompanhamento é necessário e previne o surgimento de intercorrências.
Os profissionais da área da saúde relacionados ao exercício, fisioterapeutas e educadores físicos, precisam de treinamento especializado para atuar neste ramo.
Nataly Lino Izeli
Fisioterapeuta
Graduação pela UNESP em jan/2005
Especialização em Fisiologia do Exercício pela UFSCar em 2006
Aprimoramento em Reabilitação Cardiovascular pelo HCFMRP-USP em 2007
Mestrado em Ciências Médica/Cardiologia pela FMRP-USP em 2010
